terça-feira, 25 de junho de 2013

CAINDO NA CHUVA NA GUARAPARI - POEMA DE ROSA KAPILA

                      CAINDO NA CHUVA NA GUARAPARI
             "Não são nossos pés que nos transportam e sim nossas mentes"
                                                                                             Provérbio  chinês

SURDOS PARA OS TROVÔES
FAZENDO OUVIDO DE MERCADOR
OS RELÂMPAGOS  ME ALUMIAVAM
E OS TROVÔES EM PANCADARIA, BRIGANDO
QUERIAM QUE EU CUSPISSE  MEU CORAÇÃO PELA BOCA
DE MEDO
PELA BOCA DA NOITE.
EU CHOREI COM MADUREIRA, VERDE, NA CHUVA.
É ASSIM QUE EU POSSO CONTINUAR  CHORANDO PARA OS CÉUS?
LÁGRIMAS BANHANDO CHUVA.
UM GATO PERDIDO ME ATROPELA
ELE PARECE UMA PESSOA AMADA DE MINHA CASA.
FRANCISCO SANTOS DISTANTE
AGORA É  SAN FRANCISCO
OU FRISCO, COM DIRIA KEROUAC
DE LEMBRANÇAS
DEUS!
É DIA!
PRECISO DE UMA NOVA IDÉIA
UMA NOVA IMAGEM
UM NOVO CAMINHO
PRECISO DE UM AROMA
DE UMA PALAVRA GREGA
É O MEU COSMO ORGÂNICO QUE  CAI
E NADA ACONTECE
ENTRE O DEUS DE CIMA
E O QUE  CHAMO NA LAMA
EU
FICO
COM A  QUEDA.

domingo, 23 de junho de 2013

FOTOGRAFIAS - ROSA KAPILA


Rosa Kapila

                    EU  VEJO, DISSE O CEGO

PROCURO PALAVRAS
NA SEMI-COLA
QUE NUNCA ANDARAM JUNTAS
PORQUE AS PESSOAS TÊM SEUS ENREDOS...
E NÃO HÁ HISTÓRIA QUE CONSIGA
DAR CONTA DE TANTOS TEMAS
SE EU SOUBESSE O QUE DIRIA O POEMA, NÃO
PRECISARIA ESCREVÊ-LO.
SE  UM VENCEDOR   NUNCA FOGE
UM FUJÃO NUNCA VENCE.
NA CINELÂNDIA  MONTINHOS DE FOLHAS
CHUTADAS, PISADAS, CUSPIDAS, AMASSADAS, BAILAM
ENQUANTO BATO PAPO
COM UM  MENDIGO COM DUAS RODELAS CORTADAS NA CALÇA, NO BUMBUM...
FIQUEI SENTADA EM FRENTE AO  AMARELINHO POR DUAS HORAS
OLHANDO  QUEM FAZ NADA.
NEBULAS NOS OLHOS.
TOMO A SECO UM ANADOR
ARMADILHAS DE UMBERTO ECO
NO  "DIÁRIO MÍNIMO".
SEIS  CEGOS E O ELEFANTE.
UM DOS CEGOS, BATENDO COM SEU CAJADO
EM   CIMA DE MEU SAPATO TUM TUM TUM
ME DIZ: "EU VEJO".
ENTRAR NO ESPELHO
ESTAREI NUM MUNDO QUE DEU ERRADO?
PASSEI PELA RUA MANUEL DE CARVALHO
E MATUTEI: O NOME DE MEU AVÔ.
EM PLENA CINELÂNDIA.

 

terça-feira, 18 de junho de 2013

FOTOGRAFIAS - ROSA KAPILA

CAMÕES: UMA ESTRELA INFELIZ - ROSA KAPILA

/06/2009
CAMÕES, UMA ESTRELA INFELIZ
“Triste cidade! Eu temo que me avives
uma paixão defunta!” (Cesário Verde )
 
 
Eu não sou cheiro que se flor
E aqui está Camões  me trazendo cheiros
De uma paixão defunta, no seu Lusíadas
/de”FERO AMOR” sobre Inês de Castro.
Eu, uma contemporânea  que pertenço ao cotidiano
/de muita  gente...frequentando  a mesma praia, indo
/ao supermercado ou ao cinema... tenho  a mesma sensação
de Cesário Verde em carta ao amigo Antonio de Macedo Papança
“Uma poesia minha, publicada numa folha bem impressa,
/comemorativa de Camões, não obteve um olhar, um sorriso,
/um desdém, uma observação! Ninguém escreveu, ninguém
/falou,  nem um noticiário, nem uma conversa comigo, ninguém
/disse bem, ninguém disse mal! (...) literalmente parece que
Cesário Verde não existe”.
Eu, que tento fazer as pessoas pensarem sobre o mundo e a vida!
Vi  o teu rosto  desenhando num navio.
Ainda carrego em minha boca  o cheiro do teu poema
/redivivo.
Tanto adiei minha poesia  para outro século
Que hoje ela me deixou na mão, a ver navios!

segunda-feira, 17 de junho de 2013

FOTOGRAFIAS - ROSA KAPILA

DOM PERTURBADOR - ROSA KAPILA

DOM PERTURBADOR

EU  APRENDO COM OS INSETOS A TECER
A MOVER-ME INQUIETA
E NOS MOMENTOS ESTRANHOS
GORJEIOS CANÇÕES DE   SONHOS
LEMBRO DE MIM OCULTANDO
O DIA
AMUADA
ESCONDENDO A SURPRESA E O MEDO DE SUPORTAR.
NINGUÉM MAIS ESTÁ FALTANDO
NA MINHA CONTA DA MADRUGADA
NINGUÉM MAIS ESTÁ FALTANDO
NEM OS ORIGINAIS DOS POETAS
NINGUÉM MAIS ESTÁ FALTANDO
NEM OS POETAS DA METADE.
APRENDO  A TECER COM OS INSETOS
APRENDO A MORDER COM AS FERAS.
BREVES EXPERIÊNCIAS
ME FAZEM VER
A QUANTIDADE  DA VIDA.

domingo, 16 de junho de 2013

HOMENS TRISTES E TEDIOSOS (ROSA KAPILA)




Rosa Kapila
                                                  DEFORMAÇÕES DA MEMÓRIA

A VIDA DA POESIA  ME PROTEGE.
A CHALEIRA CANTA AFINADA  FAZENDO CHUVEIRAR O CÉU DA  COZINHA.
A ARDÓSIA DE MINHA CASA  ANTIGA
SUGERE ELEMENTOS DE SANGUE.
ESTOU ADORMECIDA NA PRAIA  APAGANDO UM CAMINHO.
UM BÓCIO DE UM AMIGO DE INFÂNCIA PARECIA UM POMBO EM GUERRA, AQUI, AGORA, ME ENFRENTA.
O DIA CAIU
ESTOU PARADA NO PATAMAR
PARA DESCER TAMBÉM.