quarta-feira, 27 de agosto de 2014

A ARANHA CRUZADA BEIJA

(POEMA DE ROSA KAPILA)
A ARANHA CRUZADA BEIJA A BOCA DA ABELHA
Para Diego El Khouri
Não falo de amor há muito tempo
/nem sobre aquele belo branco.
Eu dizia versos para amamentar meus seios.
Com um controle remoto na mão tenho a aurora.
Amarrada me uni a nada.
Rodo meu colar e ele fica bêbado até cair num bueiro.
Sangra,boca, que, por um instante ocupa todo o meu corpo.
Recordo
Delgado
Silencioso Bristol de zumbas calafetadas
/revive árvore de diadema carregada de frenesi
/de um mundo sem janelas.
Quero apenas um pote de sorvete,
/corpo,cadeira, sonhos afortunados.
Vou.Oceano Pacífico me espera
/dormindo sobre travesseiro de camomila.
Ansiedade partindo a hora
Luto entre metais retorcidos de perguntas.
Chegará a hora que o relâmpago azul será só meu.
Entrestecida a aurora chega.
Imperdível esse mundo de bocas calhordas.
Desprezem emigrem rujam para nostálgicos horizontes.
Escondam-se.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

eu amo corujas

EU AMO CORUJAS

bom dia formigas

(POEMA DE ROSA KAPILA)

FORMIGAS NA JANELA ME DÃO BOM DIA

A formiga é pequena, mas elas são um exército quando juntas (Raul Seixas)

Para minha querida amiga Valma Lopes





Se dessa vida só levamos a alma, quero andar muito

/até chegar ao mar.

Eu e Margaret Atwood já estamos comendo na cozinha;

/na própria panela.

Assim fazem as pessoas sozinhas.

Por baixo desse corpo, sou quase um animal predador.

Perdi cinco páginas de poemas esperando passaporte.

Azedei.

Independência demais... diria meu pai.

Devemos substituir a criação pela autobiografia?

Qual título darei a esse poema?

Uma de minhas especialidades: catacumba.

Confeccionarei uma camisola estilizada.

Pés descalços, nervosos e fingimento.

Habitarei um castelo assustador

Se houver corujas fujo para uma catacumba

Volto à autobiografia: enquanto esperava o passaporte,

Alguém pisou no dedo mais sensível e querido meu.

Ai meus sais!

Você foi bem vindo e adeus você nega com uma mirada.

Limpo o ouvido para a arte de amar.

Sem Shakespeare não vivo.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

a precariedade da sorte humana



POEMA DE ROSA KAPILA)

A PRECARIEDADE DA SORTE  HUMANA
“estranho livro aquele que escreveste,  artista
da saudade e do sofrer! Estranho livro  aquele
em  que puseste  tudo o que eu sinto, sem
poder dizer”  (Florbela Espanca)


Toda  a carne que tenho distribuída  testa
/abaixo, dói.
E, ainda dizem  que  forte sou.
Eu ando, eu corro, eu penso em aparar aquela luva
/perdida por um astronauta, no interplanetário.
Eu  invento “a lógica dos possíveis narrativos”  em  lixo
/espacial.
O que me salva são os poetas  de antigamente,
/que me fazem companhia.
Avalio  encantadores frutos  e mistérios de pessoas
/escondendo  seus sabores.
Penso nos grãos  de areia   que juntei  numa latinha
/de marrom glacê  para recompensas  dar-me
/em formas irreais.
Imagino treinar  feituras  de sonetos, saltos ornamentais
/em cachoeiras, fluxos de energia no  Himalaia.
Penso muito na precariedade da sorte humana.
Lembro-me de um cajueiro velho de Pindamonhagaba.
Gosto de relembrar-me da casa  do tio Bob de Pinda
/e nos moranguinhos  que colhíamos  pela estrada.

sábado, 16 de agosto de 2014

CORUJAS DAS TORRES


 (POEMA DE ROSA KAPILA)

CORUJAS DAS TORRES

“Pra mim livro é vida; desde que eu era muito pequena,

os livros me deram casa e comida.”

(Lygia Bojunga Nunes)







MEUS LIVROS ABERTOS

EM PÚBLICO

SÃO MISTÉRIOS PARA O SOSSEGO

DE UMA VIDA.

MEU CORPO VAI  VAGUEANDO

DE ENCOSTA EM ENCOSTA

ÀS VEZES NÃO QUERO PONTUAÇÃO

PORQUE PRECISO FAZER SAFÁRI

COM AS PALAVRAS

VENHO COMPONDO

A CENA MISTERIOSA

DOS LIVROS QUE LI

QUERO FAZER FALAR

ALGUMAS CRIATURAS

DE CHECOV  &  SHAKESPEARE.

A LUA ENTRE ÁRVORES

ME  ANUNCIA  A NOITE...

A NOITE QUE LI DE  ALLAN POE

E MAIS:

SE O VIAJANTE NUMA NOITE

DENTRO DA NOITE VELOZ

NADA BRANCO À NOITE

SONHO DE UMA  NOITE DE VERÃO

A NOITE DOS TEMPOS

CORUJAS DAS NOITES.

NÃO PRECISO MATAR A LUA

PRA TER NOITE.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

O LIVRO DAS CORUJAS: OLHO AS UVAS QUE SANGRAM EM TUA BOCA

O LIVRO DAS CORUJAS: OLHO AS UVAS QUE SANGRAM EM TUA BOCA: (POEMA DE ROSA KAPILA) OLHO AS UVAS SUAVES QUE SANGRAM EM TUA BOCA Olhei a senda da parede /meus olhos ficaram truncad...

OLHO AS UVAS QUE SANGRAM EM TUA BOCA



(POEMA DE ROSA KAPILA)
OLHO AS UVAS SUAVES QUE SANGRAM EM TUA BOCA

Olhei a senda da parede
/meus olhos ficaram truncados
/como uma via láctea em dobro.
Lembro seus braços brancos
/tal qual leite numa caçarola.
...Sensual cheiro em linda cabeleira.
Tenho um tango na manga.
Penso no amor dos marinheiros
/que deixam promessas.
O amor se reparte
/e é fugaz.
Venho de seus braços
/não sabia aonde iria.
Olho as uvas suaves que sangram
/em tua boca.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

O LIVRO DAS CORUJAS: TOMEI UM CAFÉ SELVAGEM

O LIVRO DAS CORUJAS: TOMEI UM CAFÉ SELVAGEM: TOMEI UM CAFÉ SELVAGEM NUMA CASA SUBTERRÂNEA (ROSA KAPILA)

O RIO SEMPRE QUER SER VISITADO

O RIO SEMPRE QUER SER VISITADO
“As lagartas cabeludas que caíam
/dos seus galhos e voltavam a subir,arrastando-se
/me ensinaram a determinação”.

(Clarissa Pinkola)

O RIO SEMPRE QUER SER VISITADO

O RIO SEMPRE QUER SER VISITADO
“As lagartas cabeludas que caíam
/dos seus galhos e voltavam a subir,arrastando-se
/me ensinaram a determinação”.

(Clarissa Pinkola)